O MAI VAI À BLOGA E POSTA-SE
Deleite puro. Um MAI vai à Escola de Lavores, o caso inflama-se, incha, desincha e passa. Nunca me diverti tanto: os anónimos sucessivos em defesa do Dr. Rui pareciam sempre o mesmo com um estílo grandiloquente e arquejante, mesmo com o esporádico uso desinfecto de vernáculo blogueano. Os factos relatados pela Dina ou pelo calor da sua subjectividade também têm intensidade e candura e, por que não?!, objectividade. A dela. Tal como o condescendente e blogosférico ministro blogueano a dele, aliás polifónica, como se leu. Portanto, tudo aqui é 'mágico', 'poético', 'belo'. O Dr. Rui a vir pressuroso a defender-se ociosamente com toda a nobreza e à sua cadeira cabo-verdeana e ao aceno afectivo e invitatório do PM, cadeira jamais usurpada e muito menos insinuada, aceno incondicional, completamente porreiro.Pensei que só o Parlamento, neste tempo de fomes brutais e faltas tremendas, era dado a bizantinices. Mas não. A Bizantinice e o não-essencial está por todo o lado, entretendo os portugueses e desviando-os, por momentos, do grande enigma pessoal: como sobreviver. Aliás, a julgar pela grande pausa visitacional que a Bloga Nacional observou na semana passada do José Eduardo e do Vôo cabo-verdeano, e uma vez que o Povo não lê blogues nem jornais nem porra nenhuma, fica provado que o Governo Lê Blogues Denodada, Massiva e Apaixonadamente, tem papagaios a defendê-lo por aqui-del-blogue e por ali-del-blogue e tem sobretudo isso, uma corte correcta de grandes emissores de amens, de peões em cios defensivos do seu Senhor. Escrevem bem como quem escreve actas e ofícios, mas não têm estilo pessoal como o não tinha Oliveira Martins, o contemporâneo de Eça: como a realidade e a subjectividade com que olham a realidade os não transforma e não se reverte neles numa linguagem autêntica, única, sensível, em vão tentarão validar versões oficiais a régua e esquadro. Descrever não é demonstrar. Duas subjectividades, uma parca, a da Dina, a outra precária, a do Dr. Rui e a do anónimo acessor, uma vez justapostas, não se anulam e também não se subtraem. Permanecem e seguem paralelas. A nós cabe-nos acreditar, não na melhor argumentação e elenco de factos, mas no que quisermos em função da palavra com a qual nos cumpliciamos ou não cumpliciamos. O ministro e os seus acessores eloquentes cumpliciam-se claramente entre si e quando baixam à imanência da bloga incarnada, a de corpo e alma, não perdem a pose de pequenos deuses absolutos. A Dina e os amigos que a conhecem e lhe aferem e caucionam a sensibilidade e capacidade de ver e de sentir fazem-no também. Gravidade Global? Zero. Pertinência? Nula. O juízo popular do MAI está feito há muito tempo e não muda com a dança da cadeira no restaurante com música. Talvez seja bom o Dr. Rui, no pouco tempo ministerial que lhe resta, passar não só a ter cuidado com os microfones de alta captação que lhe devassam as bocas-Bruni, mas também com o olhar aquilino e ultrassensível dos jornalistas imbatíveis e ultra-experimentados a inferir.
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