UM BOM FILME PARA A NOSSA MAGNA DEPRESSÃO

Os propalados bons filmes só nos dizem alguma coisa quando os podemos ver. Tudo está caro a um nível absolutamente proibitivo, criminoso: a gasolina está criminosamente cara, os transportes estão caros ao ponto do homicídio do utente, o infantário assassina-me de tão caro e por isso chego já teso e morto ao dia oito de cada mês, apesar de comer mal e andar a pé. Ir ao cinema está fora de questão. E digo-o com pena, seduzido pela película O Artista, e contrastando-me com tanto bem-estar inexplicável: depois de ter visto pelas ruas de Gaia e de Gondomar, em menos de oito horas, pelo menos uns vinte excelentes Mercedes e outros tantos BMW, concluo que como há tão pouca indústria, agricultura e pescas para tantas rodas exorbitantes, só podem ser dirigentes partidários ou rapaces beneficiários com décadas a rapar fundos comunitários. Não tenho alternativa senão remediar-me com a lata de conservas de cada dia e esperar pelo momento em que, por arte da minha própria sobrevivência feroz e resiliente, finalmente poderei ver O Artista.

Comments

Vasco said…
Aqui em Coimbra SUVs de marca Porsche «é mato»!
Eu vou esperar que o «Artista» passe na tv...

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