BONS NAVEGADORES E AUTORES DE TEMPESTADES


Gostei da analogia de que Vítor Gaspar se recordou, em entrevista ao Financial Times. Disse que nós, portugueses, somos bons navegadores por tradição. E gostei por isto: está a falar de portugueses e não somente, de governantes portugueses, suponho. E embora fossem portugueses os que antecederam este Governo em funções, esses foram pelo caminho da criação das tempestades perfeitas, abrindo o Jarro de Pandora, agudizando todos os nossos problemas de desequilíbrio das contas públicas já para não falar na degradação galopante das instituições já de si decadentes da República. Foi essa, aliás, a expressão com que Sócrates caracterizou o seu primeiro mandato: «Há até quem considere esta legislatura a tempestade perfeita». A segunda legislatura seria ainda pior e mais perfeita, mais perfeitamente pirosa, mais perfeitamente desonesta e mais perfeitamente trágica. Tempestade Perfeita. Perfeita, sim, para a dívida pública, perfeita para a conflitualdiade política estéril, perfeita para a opacidade das contas públicas e dos jogos ainda mais de bastidores naquele amiguismo estabelecido que nos danou com PPP e ajustes directos; perfeita para o esbanjamento e a laboração em erros concatenados e sucessivos: quinze anos a conduzir Portugal para o abismo perfeito e cujos últimos seis provaram a bipolaridade portuguesa: somos bons navegadores e, quando entregues à bicharada socialista, inesperados criadores de tempestades perfeitas.

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