O EMARANHADO GREGO E O NOSSO

Há demasiadas e demasiado assustadoras similitudes entre o dramático caso grego e o angustioso caso português, não ainda na plenitude dos efeitos dramáticos do ajustamento, mas na matriz cívica, política e mental das elites e das bases que possibilitou a bancarrota e a longa e próspera vida da corrupção ao mais alto nível. Em Portugal, tivemos bandalheira nas governações, legislatura após legislatura, sem sentido de Estado ou qualquer pressa para moralizar e tornar viável o que ao Estado caberia viabilizar e morigerar no seu seio. Impossível. Tendo em conta as carradas de afilhados que os partidos, especialmente o socialista, carrearam para o Aparelho de Estado em quinze anos de poder quase ininterrupto, as negociatas sucessivas, centrais e locais, com ganhos e lucros dos que, pela política, enriqueceram, não era de esperar senão o que nos coube. Na Grécia, pelos vistos, para grandes males, grandes remédios. Por cá, é a zurrada e a covardia dos insultos sem um diagnóstico mais fundo dos males pátrios dos que se deixam manipular pelos agitadores esquerdóides. Todos somos culpados e não podemos demitir-nos. Em grau, a culpa dos políticos é suprema. A culpa dos sindicatos incontornável porque sempre exigiram ao Estado o que só a dívida e não a riqueza produzida lhes proporcionaria, contribuindo também eles para a pantanosa situação que hoje se avoluma. À vista dos males profundos das duas sociedades, as greves gerais lá, como cá, são uma loucura e um suicídio que se tomam gota a gota.

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