O GRANDE OLHO NORTE-AMERICANO

Desengane-se quem se suponha ser imune à penetração universal dos recursos de espionagem, campeonato onde à parte das razões de segurança, a principal questão em jogo, questão crucial, acaba por ser a económica. Se saber é estar à frente, saber mais que os demais significa ganhar mais que os demais. Aí se inscreve a acção ultrassofisticada da Agência de Segurança Nacional norte-americana e do FBI, ao que se aventa, com acesso directo aos servidores de nove gigantes tecnológicos como Microsoft, Google, Apple, YouTube ou Facebook: em cada usuário, um consumidor, um padrão de consumo. Em cada usuário uma ameaça. Em cada usuário, um paciente, um rato de laboratório, um pretexto, uma oportunidade de deter informação passível de uso chantagista, de compra e venda, porque nem todos os usuários são arraia miúda. Claro que isto é preocupante, convida a que nos isolemos, um dia, num oásis, num deserto esquecido da sociedade, sei lá. Convida a que a sociedade se questione e exija saber quais os limites a que estão vinculados FBI e NSA, o grande olho norte-americano. Ou se na verdade não há quaisquer limites. É demasiado perturbador que tais sistemas e serviços secretos possam aceder a informação e contactos dos utilizadores, se os jornais The Washington Post e The Guardian nos não enganam.

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