AMARAR FELIZ NO HUDSON

É grata a sensação de, por uma vez, entre tantos exemplos fatídicos de variado grau neste tipo de acidentes, dar-se que agora passageiros e tripulantes puderam como que nascer de novo, sãos e salvos, ao que se sabe, uma amaragem de sucesso inédito na aviação comercial: o avião da US Airways que amarou de emergência sobre o rio Hudson, em Nova Iorque, ficou a flutuar nas águas gélidas, ao largo de Manhattan. Nas imagens imediatamente divulgadas, há qualquer coisa de fantástico a surdir de tanto susto: esta homologia de pato acalentando crias no dorso, quando se vêem os passageiros sobre as asas do aparelho à espera de serem resgatados pelos "ferries" que acorreram imediata e irreprensivelmente ao local. Esta companhia aérea, a US Airways, confirmou que todos os passageiros sobreviveram e que os ferimentos em alguns foram mínimos. O Airbus A-320 saíra pouco tempo antes do aeroporto de La Guardia, em Nova Iorque, com destino a Charlotte, na Carolina do Norte, com cento e quarenta e oito passageiros e cinco tripulantes a bordo, mas após a descolagem um bando de aves terá embatido no aparelho e sido sugadas pelos dois reactores, danificando-os, informação já confirmada pela autoridade de aviação civil norte-americana (FAA). O FBI diz não ter informações de que o acidente tenha sido resultado de qualquer acto de terrorismo, mas não pode ser posto de parte que a criação intensiva de aves ou a sua reprodução descontrolada nas imediações aeroportuárias, contrariando as contramedidas técnicas habituais em todos os aeroportos do mundo nesse particular, equivalha ao desígnio de uma nova forma subtil e subreptícia de terrorismo. O terrorismo avícola. Tudo é possível. Agora a sério e porque tudo está bem, danos por aves sugadas pelos motores de avião é algo de remoto, mas sempre em aberto.

kjj

Gostei de ler a propósito, no The Sydney Morning Herald: «Plunged out of the sky... passengers stand on the emergency exit chutes and wings of the plane after it crashed into the Hudson River. Bottom left, the pilot, Chesley Burnett "Sully" Sullenberger III and bottom right, FlightAware shows the plane's flight path... Mr Sullenberger walked the plane twice to verify if anyone was on board before getting out himself. The president of the Australian and International Pilots Association, Barry Jackson, said he believed this was the first successful ditching of a commercial passenger plane ever. An online forum for pilots was buzzing in the wake of the incident, with many contributers also speculating that this was the first time a passenger jet had successfully ditched. "Ditching" is an intentional emergency landing in water. It appears to happen occasionally in the military and with smaller aircraft in general aviation but is understood to be extremely rare for commercial passenger jets».