DORMIR NA SUPERVISÃO

1. Eis porque é magnificamente útil a constituição das normalmente inúteis e improcedentes comissões de inquérito parlamentar: o último e mais recente presidente do BPN, Dr. Miguel Cadilhe, criticou hoje a actuação do Banco de Portugal no processo que levou à nacionalização do BPN e sustentou que, no caso particular do Banco Insular, que serviu para ocultar perdas e fazer pagamentos a gestores, houve uma “falha clara de supervisão que atingiu em cheio o património da SLN”. Isto é, claro, somente o Dr. Cadilhe a falar, se não esquecermos como alguma imprensa e alguma bloga, no intuito de diminuir o impacto das opiniões e das conclusões do Dr. Cadilhe, trata de, de modo baixo e reles, recordar-nos a todos que o Dr. Cadilhe foi lá meter-se porque assim o quis e desejou para ganhar, aliás, uma boa maquia, não importa o que o bom do homem desejava afinal fazer a bem da tenebrosa instituição. Trata-se de um homem sério. Diz sempre o que pensa, por mais polémico que seja. Tem um tipo de determinação de levar a sério e não pífia e apenas brutalidade-sem-tino, como a do PM. Assim, o último presidente do BPN antes da nacionalização que foi ouvido na comissão parlamentar de inquérito ao BPN, revelou ainda que propôs ao Banco de Portugal que assumisse a sua quota parte na compensação financeira aos accionistas das perdas recorrentes desta falha de supervisão: ó coisa fabulosa de se pedir e dizer ao BdP, claramente ao arrepio da protestação virginal em que foi pródigo o Dr. Constâncio, que como o nome diz, que permanecer constantemente onde está e a auferir os seus 250 000 euros/mês. O Dr. Cadilhe considerou ainda “impossível” que as autoridades não conhecessem a ligação entre o BPN e o Insular, até porque, em 2002, num artigo de jornal, estas foram confrontadas com a sua existência. Isto é Portugal no seu melhor. Ainda hoje o BdP comissiona 30 ou mais euros a cidadãos comuns falidos e com incumprimentos e irreguralidades no crédito à habitação nos arquivos virtuais do BdP, não escapam estes cidadãos falidos ao escrutínio milimétrico do BdP e no entanto a supervisão, nas grandes cleptomaquias dorme e tolera. Cadilhe também criticou o facto de Constâncio nunca ter investigado as contas do BPN, recordando que o supervisor só mandou realizar uma auditoria externa ao banco depois de estar concluída aquela que ele próprio encomendou. E depois há esta coisa extraordinária de a nacionalização, segundo Cadilhe, ter sido a pior opção: Cadilhe revelou que o ministro das Finanças lhe propôs duas vias para resolver a situação do banco, uma delas era a venda à CGD, a outra consistia na realização de uma operação harmónio com a entrada de entidades públicas, acrescentando ainda que o ministro das Finanças e Vítor Constâncio se contradisseram por diversas vezes, sustentou que o Estado vai perder mais dinheiro com a nacionalização do BPN do que se tivesse aceite a sua proposta de recuperação da instituição, como quem no fundo remete para o oportunismo político de o Governo trazer a si a tarefa salvadora com vista a instrumentalizar tal opção como pudemos verificar contra a figura e o entorno histórico do PR. Criticou finalmente ainda o facto de a nacionalização ter ocorrido quando pela primeira vez surgiu uma equipa, a sua, a denunciar as irregularidades que ao longo dos anos ocorreram no banco. Não podia ser mais claro. O que tememos é que o nevão obliviante dos media que o Executivo controla transforme estes factos e argumentos revelados pelo Dr. Cadilhe, uma vez mais, em quase nada, ou não estivéssemos em Portugal.

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2. «Pela primeira vez em Portugal», um partido, um PM e uma legislatura tomaram a seu cuidado a CGD, o BCP e o BPN, basta atentar no pessoal administrativo de estreita confiança e indigitação do PM que aquece as cadeiras dos respectivos CEOs. E isto é mais inquetante quanto mais se afigura forçada e artificial a nacionalização do BPN, segundo revela e argumenta o mais recente e por acaso último líder do Banco Português de Negócios (BPN), o Dr. Miguel Cadilhe, o qual confirmou hoje a existência de um pedido de esclarecimentos feito por um responsável do Banco de Portugal ao Grupo Sociedade lusa de Negócios sobre a posição de crédito e accionista entre o Banco Insular (Cabo Verde) e o BPN. Das duas uma, ou se fez vista grossa ou se andou aos papéis nos corredores do BdP, porque essa missiva, enviada pelo Banco de Portugal e apresentada hoje na Comissão de Inquérito Parlamentar pelo CDS-PP com data de 26 de junho de 2007, era desconhecida do Governador do BdP, segundo o Dr. Miguel Cadilhe, de cuja existência foi aliás ele mesmo que informou Vítor Constâncio. Configura-se um cenário com dois oportunismos: o do BdP, que não interveio nem supervisionou porque não havia nenhuma crise internacional no horizonte a destapar desabrida os desmandos em decurso e era preciso apadrinhar por omissão a gulodice grotesca de tais administradores danosos, isto é, andar descansado à portuguesa, não se fala, não existe. E o do PM que quis mostrar serviço e voluntarismo em mais um passe publicitário incidindo sobre si, louvor e glória ao Presidente do Conselho que lança a manápula ilimitada do Estado à Economia, presidindo-lhe aos destinos e seleccionando criteriosamente os escassos beneficiários. Sócrates já é a Economia. Qualquer português atento reparará que não é só no vento que as mãos do PM se enclavinham aduncas, quando vocifera propaganda e anúncios repetidos no Parlamento.