A REALIDADE COMO FLAGELO DE VELEIDADES
1. Ninguém tem culpa se a lógica do mercado, nesta altura, passará por um gradual agudizar da depressão na procura, contagiando de depressão todos os demais parâmetros da economias. Isto é, há quem tenha culpa, muita culpa, uma culpa sistémica, mas inimputável e diluída no anonimato de tantos CEOs norte-americanos que medraram e se cevaram precisamente no âmago da toxicidade do seu produto, sendo Madoff um dos raros rostos de essa coisa desastrosa de o Mercado ficar absolutamente entregue a si mesmo e, portanto, à Força como Lei. Agora que todos vamos pagar a factura, ficamos a saber que desde logo a VW Autoeuropa poderá dispensar 250 trabalhadores contratados através de empresas de trabalho temporário. Esta medida, que por princípio, normalmente jaz por confirmar oficialmente, estará a ser comunicada internamente e ocorre num momento de profunda crise que atravessa o sector automóvel, sendo que a Comissão de Trabalhadores também "não confirma nem desmente" tal situação. Se tal cenário se concretizar, tratar-se-á da primeira redução efectiva de mão-de-obra na fábrica portuguesa da VW, que desde os últimos meses do ano passado tem recorrido a várias paragens de produção para enfrentar a quebra da procura e não parece plausível que de esta vez se recorra aos subterfúgios de milhões infinitos atirados para a empresa a fim de artificializar um emprego desempregado decorrente com uma formação profissional repetida e perpétua e assim descansar as estatísticas.
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2. Os sinais de discricionaridade e falta de tacto nas relações das administrações com as pessoas em geral e suas dependentes em particular fica 'subliminarmente patente', entre outras inquietudes, no corpus de denúncia constante na carta que o PSD escreve a Maria de Belém Roseira, revelada ao Jornal Público, questionando a responsável por conclusões urgentes. Na mesma carta, aquele partido qualifica como “deplorável” a situação na linha Saúde 24 e responsabiliza o Governo por ter deixado agravar a situação: “O Governo tem irresponsavelmente deixado agravar a situação sem nada fazer e o resultado é que os utentes seguramente estão a perder a confiança no funcionamento da linha Saúde 24, o que representa um gravíssimo prejuízo para o SNS”. Numa prova de que o tempo dilatório favorece a dispersão das responsabilidades, a verdade é que, segundo é recordado naquela carta, passaram três meses e não existem “conclusões da auditoria que a ministra da Saúde terá determinado com vista a apurar a existência de eventuais falhas no funcionamento daquele serviço”, sendo que o único resultado visível foi o da suspensão de uma enfermeira supervisora, sem qualquer justificação fundamentada e apenas com a alegação de que seria ‘inconveniente a sua presença na empresa’. É esta uma marca caracterizador de toda uma legislatura: ou há respeitinho e anuência acrítica ou as coisas resolvem-se a mal. Tal enfermeira supervisora suspensa injustificadamente que o diga.
Comments
E está tudo fodido.
Bem aja e felicidades.
A Enfermeira suspensa.