LOVERBOY EM VENEZA
Sim, meu amigo, vejo bem que te preocupas comigo,
com o meu desânimo de tudo, menos de escrever e fazer o meu blogue,
menos da minha vida familiar, com bebés ao colo dia vai dia vem.
Puxas por mim e realmente preocupas-te e procuras ajudar-me com honra.
ljk
Desempregado, não estou a conseguir ganhar honradamente
o meu dinheiro, não estou a conseguir sobreviver
no meio da barca romba portuguesa. Depois das humilhações no Pub
e da Escola por um Mês, não tenho conseguido sobreviver.
Duas filhas que, de tão pequeninas, ainda não falam e devo acalentar dia vai dia vem
e todos os dias as notícias e os factos que me mostram duas Crises:
a nossa, antiga e que continuará depois que finde a outra, a internacional.
E como isto me exige reacção e veemências!
A nossa Crise é um Falhanço num País que vai a pique. A outra Crise é desculpa.
Talvez esteja eu a viver tudo isto de um modo muito apaixonado e psicodramático,
talvez seja um luxo viver tudo isto como se não tivesse uma vida de que me ocupar
e uma família para alimentar. Mas, se estivesses no meu lugar, compreenderias
que é inútil resistir lutando no meu posto de trabalho putativo de 400 euros,
que JPP diz que é melhor que nada, competindo e resistindo contra aqueles que visam
destruir-te. É mais fácil aparentar estar já destruído, estar quietinho na máxima pobreza,
acuado sem o mínimo de dinheiro e perspectivas
para que não nos possam destruir ainda mais.
lkj
Não fosse assim e o Fisco viria dar-me a injusta e anacrónica machadada final;
não fosse assim e viria o BES extorquir-me setenta mil euros inexistentes e impossíveis,
até ao fim dos meus dias. Por outras palavras, meu amigo, deixa-me no meu buraco
que pelo menos para mim não poderá ser mais fundo que isto,
graças à vitalidade do meu Pai e às migalhas mal explicadas do Estado.
lkj
Tenho de ter esperança de que a negrura mentirosa chamada Regime trema e rua.
E esperar que o tempo do Loverboy está a chegar ao fim porque a Fachada de Fichas
não resistirá à Realidade e o Alheamento praticado contra as Gentes
não resistirá às Necessidades Delas. Bem pode ele ir alienar-se
e ir encher-se de frissons d'amour passionée em Veneza,
e despressurizar o seu Nulo, o Loverboy is finished.
lkj
Quarto para Quatro, Natal, 2008-2009
Comments
"...pelo menos para mim não poderá ser mais fundo que isto."
Pois eu já te recomendei que te mudasses para o teu quintal e vivesses numa caixa de papelão. O teu maior problema é que te aburguesastes! Vives acomodado na tua vidinha, de quarto para quarto, incapaz de te cuidares, de trabalhares naquilo em que realmente és capaz, apesar dos incentivos, das orientações recebidas e dos insultos mais ou menos explícitos.
Aburguesastes-te, vives como um príncipe refugiado na sua corte.
Caixa de papelão no quintal, já! Só quando estiveste no teu degredo do Pub foste produtivo (intelectualmente falando), hoje masturbas-te com a ministra, o sócrates e as misérias deste país, das quais te reclamas vítima.
Precisamos de uma polícia de costumes que te envie para o degredo! (Eu seria de bom grado o seu executor).
Um abraço amigo.
Lélia, a loura do cabelo lambido, de olhar severo, rosto em perpétuo esgar, a insatisfação como princípio de vida, era o terror puro e o frigidismo de todos os afectos e considerações, era o estress em forma de gente, era a ignorância e o desprazer da cultura, era uma arte de controlo psicológico dos seus alunos. Odiei a Lélia à medida que observava que ela tinha prazer em sobrecarregar-nos com uma linha marginal e acessória de trabalho oneroso, excessivo, burocrático, nazi, por contraste com o apoio puro e incondicional de outras Orientadoras. Enquanto assistia às aulas dela e às das minhas colegas de estágio, escrevi rios de textos, de linhas, de páginas sobre os tormentos sob a desorientação da Lélia.
Pior que ela, a Metodóloga, uma vaca ensandecida que usou o meu grupo de estágio para desemporcalhar preventivamente a larga maré virgens mentais de outros núcleos de estágio além do nosso, vergastando-nos na nossa apresentação genial de um tema com humilhações e insultos que mais tarde viemos a saber se deviam ao desentendimento entre ela e a Lélia, tendo também nós servido de bodes e bordas expiatórias.
Maria de Lurdes Rodrigues, quer eu queira quer eu não queira, é uma Lélia ao quadrado. Tudo bem que eu viva obsecado pelos malefícios do cretino do PM e pelas cretinidades absolutamente cretinas da Maria de Lurdes, mas a verdade é que todo o esvaziamento da memória, todo o empobrecimento e abastardização do Ensino em função do Eduquês e sobretudo da boa imagem nas Estatísticas, tudo isso é um Fruto Abjecto e Podre do Consulado da Maria de Lurdes Rodrigues, a pseudo-reformista, antes, a torcionária absolutista.
Nem ela nem Mário Nogueira valem uma bosta. Uma não tem vocação para tutelar um Ministério nem para tutelar nada, só para proselitar PS e enternecer-se com putos salivando por ser PS, só para suportar estoicamente a oposição para continuar a ganhar os 10 000 euros que lhe permitam pagar a prestação do lugar que lhe permitirá cair morta. Daqui a uns meses, ala para o Parlamento Europeu e poderá assim descansar e continuar a pagar o Lugar Caríssimo onde pensa que poderá cair morta. Mário Nogueira já não sabe o que seja ensinar e usa e abusa da cassete dos sindicatos: vencimentos e outras tretas simplistas. Também precisa de escutar verdadeiramente o que dizem os professores que lideram neste processo os Sindicatos e não o contrário.
Não sei se não vôo, se não aprendi a voar ou se me cansei de embater em pleno vôo contra os cornos da realidade amarga que me foi sendo servida. Não sei é ganhar dinheiro. Recentemente não tenho ganho nenhum e cada vez que Ensino, Escola, Professores me soam aos ouvidos, a tendência é cada vez mais para caminhar no sentido oposto de essa bosta de vida horrenda, pesada, conturbada, cheia de desarranjo e perturbação.
Tenho tido algum azar. Estou deprimido com Portugal e com o desfecho de uma Democracia que tem servido de pretexto para devorar avidamente os recursos do Bem Comum beneficiando de um Povo brando, distraído e hábil em morrer na estrada e em viajar sem mais preocupações para Cuba, Nordeste Brasileiro e quaisquer recantos exóticos onde se apanhe sol e se beba uns cocktails, endividando-se comó caralho para o efeito.
O meu buraco talvez seja um Céu, sei lá. O Inferno é só não proporcionar conforto e sustento cá em casa nem acreditar que qualquer passo me valha a pena. Mais fácil e mais útil me parece morrer.
joshua