PREGOS IMORAIS NO CAIXÃO PORTUGUÊS
1. Uma das marcas de um maravilhoso País 'justo', 'lícito e 'sério' traduz-se no modo como, por exemplo, Armando Vara, amigo do pito de Sócrates, acaba promovido na Caixa Geral de Depósitos (CGD) prodigiosamente um mês e meio depois de ter abandonado os quadros do banco público para assumir a vice-presidência do Banco Comercial Portugal (BCP). A CGD não foi sintomaticamente capaz de enumerar idênticas promoções realizadas nos últimos anos, fechou-se em copas, e os maiores bancos privados numa prova de que tal não é nada normal a promoção de ex-administradores também não foram capazes de exemplificar algo semelhante a isto a pedido do Jornal Público. Lá que se dão as notícias dão-se, o pior é depois, onde nada tem consequências, nenhum escândalo, nenhum abuso, basta a desculpa de ser prática comum no grupo, ainda que o não seja. É fartar vilanagem e sobretudo a perfeição no conceito de novas oportunidades para meter a faca maioritária num bolo português que consta ser miserável e tratar miseravelmente milhares de portugueses. São pregos no caixão moral e desfuturado português.
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2. Lamentavelmente, a morte chegou para um homem de 79 anos hoje de madrugada devido a um incêndio urbano, na freguesia da Madalena, em Vila Nova de Gaia. A vítima mortal era o único habitante da vivenda, isolada e antiga, onde deflagrou o incêndio. O frio encurrala-nos e vai atirando algumas vítimas para os braços de um calor traiçoeiro porque não estamos habituados a lidar com um fenómeno tão prolongado e prevalente. Lamentavelmente! É provavel que um cobertor eléctrico antigo deixado ligado em casa, numa pausa para convívio com a famíla próxima na mesma rua, tenha desencadeado um pequeno e lento foco de incêndio. No regresso a casa, o infortunado septuagenário estranhou o fumo, deu conta disso telefonando à família, mas nesse interim, terá aberto a porta do quarto fechado onde o pequeno foco insidiosamente consumira ao longo das horas todo o oxigénio, desencadeando assim o famigerado fenómeno explosivo em chamas assim que o oxigénio irrompe, já bastante estudado por se tratar de algo típico nestes casos. Bateu-se corajosamente por extingui-lo e assim encontrou o seu fim. Endereço aos familiares as mais sinceros e condoídos pêsames.
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3. O tempo urge para Israel, como uma colheita, e a safra é a morte generosa, cega e surda: sabe-se que a chefia militar enviou hoje reservistas para a Faixa de Gaza, no 17º dia da ofensiva naquele território. Esta madrugada, a aviação israelita anunciou ter atingido doze alvos, comparados com os sessenta das noites anteriores. Os serviços médicos palestinianos afirmam que o número de mortos já ultrapassou as nove centenas. Deve dizer-se que os apoios europeus em milhões de euros para a construção de infraestruturas palestinianas se transformou em escombros, pó e sangue.
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4. Incapaz de compreender que só há dinheiro para promover indevidamente amigos e cumulá-los de reformas milionárias duplas ou triplas e não para mais recursos humanos e materiais, a Associação Portuguesa de Técnicos de Segurança e Protecção Civil (ASPROCIVIL) lamentou hoje a ineficácia e falta de coordenação das autoridades de Protecção Civil, que não conseguiram evitar que dezenas de pessoas ficassem bloqueadas nas estradas devido à neve. É fácil de compreender a falta de estímulos metálicos para funcionar devidamente. A ASPROCIVIL sublinha, num comunicado, que a possibilidade de queda de neve em quotas mais baixas do que normal tinha sido avançado pelo Instituto de Meteorologia, "sendo portanto da responsabilidade da autoridade nacional de protecção civil (ANPC) o facto de não ter em tempo preparado os meios e acções para que tal situação (estradas bloqueadas) não viesse a ocorrer". A ANPC não tem culpa de não ter meios e, para tê-los, ter alugá-los a Espanha nem tem culpa de não ter experiência para antecipar acções obrigatórias. Portugal é um país assimétrico: o governo diz que ajuda e não ajuda, que apoia e não apoia, que há e não há. Entretanto, nós vamos compreendendo para quem e para onde vão os recursos e os meios: só para amigos para a máquina mafiosa funcionar oleada na compra de consciências, liberdades e vontades. É ano de leilão de almas em Portugal, país no qual Diógenes jamais encontrará vestígios de um Homem.
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5. Para que se possa distribuir ainda mais benesses, sinecuras e reformas milionárias aos amigos do pito é que se faz uma feroz perseguição a uma classe profissional cara aos cofres destinadinhos do Estado, daí que os professores vão resistindo e reorganizando: realizam amanhã nas escolas uma "jornada de reflexão e luta" em torno da avaliação e a revisão do Estatuto da Carreira Docente (ECD), discutindo ainda formas de dar continuidade aos protestos contra a política-Fax do Governo para a Educação, cheia de violências intoleráveis e espiritualmente tóxicas. A iniciativa foi agendada pela Plataforma Sindical de Professores, que reúne onze estruturas do sector, e realiza-se seis dias antes de uma greve nacional de docentes (19 Janeiro), data em que se assinalam dois anos sobre a publicação em Diário da República do ECD, aliás na senda traiçoeira com que o ME despachou e promulgou infinita documentação nas costas dos professores àquela velocidade estonteante que nem permite que se perceba o alcance sinistro, para a docência e para a memória histórica, identidade e brio do País, de uma enxurrada de medidas mal amanhadas. Os professores e as escolas converteram-se para este governo numa Faixa de Arrasa a bombardear e a invadir. Pisoteados e humilhados repetidamente por um ME demencial súbdito de um Ego Louco, só lhes resta a intifada de, entre amargurados reformados e desertores amargurados da docência, resistir até à morte.
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