A SUSPEITA QUE ATERRA ALEGRE
Compreende-se que os pronunciamentos das personalidades mais circulantes no PS em geral procurem contornar o peso das graves revelações da imprensa [a casa da mamã off-shoreanamente paga, os e-mails bribe Pinocchio, etc.], cingindo-se ao aparente vácuo no lado judicial relativamente ao PM. É compreensível e natural. Porém, politicamente, o problema e o terror para Alegre é a possibilidade crua de constituir toda esta inquinada vexata quaestio um poderoso sopro de lucidez que varra e arruine a credibilidade de um PS plural e mesmo todas as negaças e hesitações que até ao momento Alegre encabeçava e simbolizava. Por outras palavras, alastrando, a peste não olha a quem, contamina e arrasa tudo. Por tudo isto, o histórico deputado do PS, Manuel Alegre, também ele, disse hoje no Porto, a banalidade neutra e prudente de que José Sócrates não é acusado de nada e expendeu o lugar comum de pedir empenho nas investigações para que a verdade seja esclarecida. Obviamente que a rua duvida de tudo francamente, viu a lentidão amorfa dos processos, viu o branqueamento e a mitigação arrastada de pedófilos de peso, viu o combate à corrupção obstaculizado, viu a inacção e o silêncio e por tudo isto, infelizmente, falar a PGR ou o Dr. Vitalino ou o Dr. ASS teme-se que seja, graças ao apetite de controlo que grassa no poder político, a mesmíssima coisa. Disse Alegre que “Segundo a única entidade competente, o procurador-geral da República, José Sócrates não é acusado de nada e, portanto, aquilo que eu desejo é que as coisas sejam esclarecidas, porque é muito ingrato para uma pessoa estar sujeita a ser julgada na praça pública”, disse Alegre em declarações aos jornalistas momento antes de proceder à inauguração da sede do Porto do MIC (Movimento de Intervenção e Cidadania), segundo o Público. Oxalá, a verdade e nada mais que a verdade faça o seu caminho a bem dos portugueses e de Portugal, aliás suficientemente linchados pela lisura nula com que a coisa pública tem sido administrada. «Parabéns a uma parte do jornalismo português no caso Freeport (ou “Fripór”, como se diz em “inglês técnico”). Essa parte do jornalismo provou que a liberdade de informar e ser informado é, nos putativos sistemas democráticos do século XXI, um bem crucial dos cidadãos. Por isso a têm atacado tanto. Ela nos separa dum novo tipo de ditadura. A parte dos media vendida ao poder começou por fornecer a música de violinos à propaganda e ao lodaçal que nos afunda. Mas nota-se que alguns ratos que serviam o governo já começaram a abandonar o barco. O sistema — a investigação, o PGR, a cândida Cândida, a justiça, o parlamento, os políticos, os partidos, até a constituição — funciona para alimentar o sistema. A normalidade do sistema que nos andam a vender em comunicados, comunicações e entrevistas é a mais absurda anormalidade para nós, os outros todos. O sistema político-administrativo-judicial-financeiro parece só servir para aguentar o poder e a mentira. À crise económico-financeira gerida pela pior política financeira da UE junta-se agora a pior crise moral das últimas décadas. O sistema mantém-se à tona enquanto o país vai ao fundo. Quantos mais dias, semanas, meses perdurará a presente crise moral?» Eduardo Cintra Torres, Público, via PdP.
Comments
mais-que-triste...mas faz o papel dele para salvar a pele Socialista, pelo sim pelo não!
Antes se prove a verdade seja ela nua e crua do que mais uma vez fique tudo em águas-lavadas.Porque nú e crú tem sido para o povo o verdadeiro Democrata, a fome entre eles é distribuida em partes iguais! bem como os juros...
A gamela foi sempre a mesma, mas foi generosa!