PÃO, CIRCO E FOLCLORE

1. Podemos bater palmas, Cristiano Ronaldo, avançado do Manchester United e da selecção portuguesa foi eleito Jogador do Ano pela Federação Internacional de Futebol (FIFA). O jovem futebolista que alinha em Inglaterra torna-se o segundo português a vencer este prémio, depois de Luís Figo ter reclamado o galardão em 2001. Lionel Messi ficou no segundo lugar e Fernando Torres fecha o pódio. Mas quanto ao Cristiano para consumo interno, é mais um consumível instrumentalizável que, com tantas barrigas coladas ao solo, não chegará tanto pão, circo e folclorre para nos fazer rir.

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2. Tudo é economia e é ao abrigo dos interesses económicos que a cabecinha ambiental surde oportunisticamente por vezes, para não dizer semper. Por isso talvez preparando-se para nos interditar cuecas e bigodes descomunais, os televisores plasma podem ter os dias contados na Europa caso entre em vigor uma nova lei comunitária de protecção do ambiente, que fixa metas de desempenho para televisores, noticia hoje a imprensa britânica. Os consumidores poderão ver o mercado reduzido aos modelos de LCD e de tubo, que gastam menos energia.A legislação, que está a ser preparada por Bruxelas e os 27 Estados-membros da UE, pretende estabelecer padrões mínimos para televisores e impedir que aparelhos que consumam muita energia ou emitam quantidades elevadas de gás carbónico sejam comercializadas no espaço europeu, indica a mesma fonte.

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3. A ilusão de eficácia no combate à corrupção está no terreno, seja o resultado final dos processos, é evidente que estes casos demonstram a manobra de diversão de um maior empenho na luta contra a corrupção ou de uma maior eficácia nesse combate. É ilusório porque é uma corrupção periférica e minoritária, sendo a grosseira no cerne no Estado. Em Portugal, chegamos à corrupção oculta e à impunidade contagiosa que medra onde contemporização prática. Daí que saber, na primeira sessão para leitura do acórdão, no Tribunal de São João Novo, Porto, que sete dos 34 arguidos do mega-julgamento que envolveu liquidatários judiciais que foram hoje condenados a penas de prisão efectivas, dez a pena suspensa e os restantes 17 foram absolvidos não tranquiliza não aquece nem arrefece. Ficou provada a existência de um “pacto” entre liquidatários e leiloeiras, com destaque para a Sociedade Nacional de Leilões (SNL), no qual os primeiros escolhiam aquela empresa para proceder à venda da massa falida de empresas, negócio aliás com que muitos se tornaram vistosamente novos-ricos mas tão alarves como quando lavavam WCs e bajulavam os chefes de departamento de ferragens.