FLÁCIDA EUROPA IRRELEVANTE


Compreeende-se perfeitamente que a posição do governo israelita e, portanto, da ministra israelita dos Negócios Estrangeiros, Tzipi Livni, seja a de rejeitar os apelos de diplomatas europeus, de visita a Jerusalém, a um cessar-fogo imediato em Gaza, sublinhando que Israel está apostado em mudar a distribuição de forças no território. Na verdade, na hora de tomar partido, os europeus, aliás irrelevantes e ridículos e que país a sério no mundo poderá levar a sério, não podem compreender, cinquenta anos de uma paz continental bastante lisonjeira, que Israel vive em guerra com um inimigo ferocíssimo há outro tanto. E esta posição israelita intransigente manter-se-á com toda a certeza, apesar do que bem sabemos em custos bárbaros de vidas de crianças, velhos, mulheres e jovens palestinianos em todo o processo. Só que uma sociedade extremista, que vive da morte alheia e da própria e a exibe como forma de galvanizar para mais morte e o quimérico extermínio dos judeus e da sua pátria talvez não possa aprender a beleza de uma diplomacia avançada e pacifica, tão pacífica e eficiente como a de Ghandi ou a de Mandela, uma resistência sábia e com grandeza. Pelo contrário, o Hamas e a sociedade árabe em geral que educa para o ódio ao judeu, para o ressentimentos anacrónicos em relação a judeus e a ocidentais, com visionarismo expansionistas sobre as capitais europeias, uma sociedade assim simplesmente semeia problemas e exclui-se da humanidade e da solidariedade que talvez merecesse com outros argumentos. Como não seria de estranhar, o braço militar do Hamas, se a verdade não é que toda a sociedade é um escudo vivo do braço militar do Hamas e portanto braço igualmente, declara hoje que “milhares” de combatentes seus estão dispostos a combater o exército israelita nas ruas da Faixa de Gaza, isto é, a morrer em massa e a posar mortos para as fotos e os vídeos sangrentamente despudorados de que tanto gostam para incendiar de compaixão hipócrita as praças de Paris, de Londres ou de Haia. Os factos que vitimam sucessivamente cidadãos israelitas pelo mundo e cidadãos ocidentais em eventos aleatórios e perfeitamente estúpidos determinam que Tzipi Livni só possa recordar à flácida Europa dos jantares de trabalho diplomático inúteis isto: “Nós combatemos o terrorismo; não faremos acordos com ele”, mensagem que a sociedade espanhola apesar de tudo não escutou numas eleições condicionadas pela morte e pela violência indiscriminada após um célebre onze de Março. Mas obviamente que Israel não é a a Europa das burocracias, da irrelevância militar e da ainda maior irrelevância diplomática. Os islamistas do Hamas, que controlam a Faixa de Gaza desde o Verão de 2007, assim o quiseram e talvez venham a ter festividades prolongadas.

Comments

Anonymous said…
Este teu texto padece de alguns equívocos pontuais, embora no seu âmago esteja correcto; o primeiro equívoco é enveredares pelo maniqueísmo de colocares os maus todos de um lado quando, na verdade, eles estão de ambos os lados.
O segundo equívoco prende-se com o facto de apontares que os espanhóis se equivocaram quando despediram Aznar. Não se equivocaram pois o que não perdoaram foi o perpetuar de uma mentira iniciada tempos antes com a história ou ópera bufa das armas de destruição maciça. Se em Portugal não se pode perdoar, conforme apregoas, as mentiras do nosso Primeiro-Ministro, só o facto de se atravessar a fronteira faz com que se tenham de perdoar as mentiras dum outro Primeiro-Ministro?
Finalmente, Tzipi Livni pode combater o terrorismo, e por aí nada a opor, antes pelo contrário, pois esses integristas barbudos do que precisavam mesmo a sério era que de serem exterminados, mas também combate pelo seu futuro político.
E combate ainda para comprometer uma nova Administração nos EUA que, aos olhos do poderoso lobby judeu, sim, que ele existe, não é suficientemente confiável.
E, aqui entre nós, um HAMAS dá muito jeito a uma capital como Riade pois enquanto com uma mão vende petróleo ao Ocidente, com a outra financia "madrassas" e HAMAS e quejandos. E enquanto estes insistem em restaurar o califado, desviam as atenções de ditaduras como as de Riade.
No fundo, e se isto fosse um tabuleiro de xadrez, éramos todos peões ... e, como sabes, as peças do xadrez são quase como a Corte com os monarcas, bispos, cavaleiros e afins ... ora, reza a História que toda a corte tem um bobo e esse bobo é ... a Europa!
Nino said…
Hola, Joshua
Gracias por tu visita a mi blog.
Ahora, con tu permiso, voy a leer un poco del tuyo.
Perdona, pero no sé escribir en portugués.

Un abrazo y ánimo.

Nino
Zé Morgado said…
Caro Joshua,

Ainda a respeito de nódoas/manchas recomendo-te, embora provavelmente conheças, "A mancha humana" do Philip Roth.

abraço

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