ESMERALDA, UMA INJUSTA IMPROVISAÇÃO


Não admira que a desorientação nos planos da justiça e da economia campeiem em Portugal, basta que quanto a uma questão complexa como esta, mas ao mesmo tempo urgente, a leitura dos factos divirja de instância para instância ou de momento para momento, apesar do tempo transcorrido inverter a força moral de uma das partes, a do dador dos genes. Encostada entre tábuas, a Justiça Portuguesa às vezes arremete às cegas e seja o que Deus quiser. O parecer da Direcção do Colégio da Especialidade de Psiquiatria da Infância e da Adolescência da Ordem dos Médicos sobre o caso Esmeralda denuncia que a sequência de decisões do Tribunal de Torres Novas que culminou na entrega ao pai biológico "aponta, claramente, para um desrespeito judicial (…) pelas opiniões técnicas (...) formuladas por sucessivas equipas multidisciplinares de Saúde Mental Infantil”. Dá que pensar o modo como alerta a mesma Direcção que a mudança de atitude da criança em relação ao pai biológico, Baltazar Nunes, pode vir, "a breve trecho, a transformar-se em sintomas psicopatológicos da área depressiva". “A anuência, aparentemente sem conflito, da Esmeralda em ficar a viver com o Sr. Baltazar Nunes, como que apagando tudo o que estava para trás, apagando a ligação forte que tinha aos pais ‘afectivos’ e ‘esquecendo’ a sua recusa terminante em deixar de viver com eles (…) deveria causar preocupações ao Tribunal e não satisfação pelo conseguido”, lê-se no parecer. Isto porque, na perspectiva dos especialistas do Colégio de Psiquiatria, a “normalização” “se deveu, com toda a probabilidade, a uma ‘estratégia de sobrevivência’ de uma criança insegura, que se forçou a deixar para trás, recalcando, o que se transformara numa fonte de permanente conflito e pressão, segundo transcreve e explicita o Público. Está para todos efeitos clarificada a ideia de que se as pretensões do dador de genes podem ser legítimas, nem por isso envolverão menos riscos e perigos para o equilíbrio psíquico da menina, coisa que nem foi ponderada nem atida em toda a questão, quando é o fulcro dela. De certa forma, os males perpetrados por uma Justiça hesitabunda e lenta, na vida de Esmeralda, nunca mais poderão ser olhados como desprezíveis conjecturas. É só aguardar pela confirmação dos efeitos descritos pela DCEPIAO.

Comments

Blondewithaphd said…
Pobres dos injustiçados porque deles deve(ria) ser o Reino dos Céus...
Lura do Grilo said…
Ditadura dos genes. Se a mãe tivesse abortado não havia caso, não havia menina ... não havia nada. O pai baldou-se meses...e uma criança não resiste mais que dois dias sem comer nem beber.
Daniel Santos said…
A única e exclusiva vitima é a criança.

Não vi ninguém defender a menina. Para mim a maior culpada é a justiça que alongou cruelmente todo este processo.
SEM MEDO said…
A culpa é, primeiro, dos serviços da segurança social que não sabe avaliar quem escolhe para casal de acolhimento, segundo, do sargento e da mulher que de inicio sabiam que era uma situação transitória, e finalmente dos papalvos como vós que dão palpites sem conhecer os factos.
O pai biológico da criança reclamou-a logo que soube que na realidade era o pai.
O Joaquim Santos só encontra coisas más em Portugal, porque não vai para o Brasil? Nem precisa de papeladas.
Só lá vai de férias, pois é, afinal o bem-bom é cá.
Se arranjasse um trabalhinho passava-lhe o azedume, só não trabalha quem não quer, é que trabalhar faz calos.
Deve ser terrível ser mulher de um calaceiro.
joshua said…
Sem Medo, quando é que desiste de se imaginar minha mulher?! Deve ser-lhe mesmo frustrante não ser.
SEM MEDO said…
Se eu fosse mulher você não tinha classe para mim, eu sou branco.
Anonymous said…
A culpa no atraso da justiça foi do sargento Gomes que servindo-se dos conhecimentos na polícia nunca se deixou notificar das decisões dos tribunais e quis impor a sua vontade contra tudo e contra todos. E contra a lei e as decisões, legais, dos tribunais.
Quanto a tratar da menina, ela tinha uma mãe que podia tratar dela se quisesse em vez de a vender, como fez.
Também é natural que o pai quisesse ter a certeza de que era o pai uma vez que a mãe se dedicava à prostituição.
Finalmente, há uma realidade que os intelectuais como o autor desta "posta" esquecem: o "dador do genes" é o único pai. "Pai afectivo" é uma categoria legal inexistente. E o sargento Gomes também não é pai adoptivo nem adoptante pela simples razão que nunca poderá adoptar a criança. A criança tem um pai que tem condições (mínimas que sejam) para a educar e não a deu nem quer dar para adopção.

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