DO DESCONCERTO DO MUNDO JUSTICIÁRIO

Para a abertura do ano judicial faltaram foguetes e taças de champanhe. Já se sabe da deprimência da República e do seu friso de títeres, da podridão da omertà socialista subjacente a todos os poderes fáticos na estrutura do Estado, da caricatura do edifício justiciário, das crostas de impotência dadas pelo Estado em trinta anos de traficância de interesses e influências, fomentadas pelos Governos do passado, caucionadas por um Parlamento-feira, placa giratória de negócios, decadente desde 74. O salão estava repleto e os discursos de encher soltaram-se, previsíveis e sonsos, como é da praxe. Marinho e Pinto abriu a bocarra para omitir todos os lixos dos anos recentes passados, toda a corrupção recente socratista e para-socratista, o seu endividamento sandeu do Estado, para preferir outros terrenos: nada a dizer das angústias e desafios do presente, dos condicionamentos externos. Marinho estava ali para apostrofar e insinuar como irresponsáveis e fanáticos os que ocupam hoje o poder, ele que ataca preventivamente a Ministra única ameaça ao percurso e impunidade do seu constituinte oficioso, Sócrates. Este homem Marinho, farroncas e sem travões, é, portanto, a virgindade em pessoa. Pinto Monteiro, que é tão procurador e isento como a Cicciolina adepta da monogamia, veio, na costumeira desonestidade e adulteração dos factos que lhe incumbem, falar das campanhas contra políticos afinal corruptos, afinal sujos de avidez e aproveitamento pessoal de funções públicas, afinal maquiavélicos e que, de tão imunes e intocáveis, obrigam a campanhas feitas [alguma coisa tem de ser feita] através do aparelho judiciário, dada a falta de isenção e iniciativa de quem as deveria ter, o PGR, ocupado a proteger dolosos sem carácter. Outro figuraço do nulo, Noronha do Nascimento, entrou pelo registo hipócrita contra aqueles que querem abolir a Constituição, quando a Constituição só é invocada quando interessa, não é invocada quando o Aborto é Contracepção e quando a Dívida é Crime contra o Futuro. A Ministra da Justiça pelo menos não brinca às casinhas e põe em sentido os batalhões de sanguessugas socialistas, disposta a processá-los criminalmente por terem abusado e prevaricado, fazendo justiça ao clamor pelo escândalo que consiste em isentar de responsabilização directa daninhos governantes socialistas, como Sócrates, agora refastelado grotescamente em Paris, depois de tudo o que perpetrou. Na verdade, não se passa nada. E a liturgia da abertura do ano judicial atesta-o. Quem tem muito dinheiro e conhece as armas e instrumentos da chantagem e da implicação de terceiras, quartas e quintas figuras, tem isenção. Quem prevarica merece férias perpétuas em Paris à conta de uns milhões comissionistas por jeitos e ajudas às empresas amigas. E temos de aturar Marinho a farroncar contra quem Governa e procura recompor um País em cacos. E temos de aturar Cavaco a fazer de pároco da aldeia nacional, sermonando os seus sermões de pobre e virginal figura.

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