O GRANDE OBNUBILADO MIGUEL SOUSA TAVARES

Não posso discordar, senão num ponto ou noutro, do que escreve Miguel Sousa Tavares acerca de Cavaco, hoje, no Expresso: «Todos já vimos demasiado Cavaco para poder ignorar a sua biografia. Este é o homem que não é “político profissional” e que nada mais faz do que política há trinta anos, mas apenas a pensar em si próprio. Este é o homem que teve sempre a arte de aparecer nos momentos fáceis (dinheiros europeus ou vitória eleitoral garantida) e desaparecer nos momentos difíceis (a morte de Sá Carneiro, o primeiro resgate do FMI). O homem que nunca enfrenta os adversários em terreno aberto, mas só quando os sente enfraquecidos ou derrotados. O homem capaz de patrocinar, tolerar ou calar uma conspiração montada no seu palácio contra o primeiro-ministro em funções e depois vir queixa-se de deslealdade deste. O homem que protege os seus aliados, mas só enquanto eles não se lhe tornem inconvenientes. Um homem que, de facto, Sócrates não respeitava. Como Soares não respeitou, como não respeitam Passos Coelho ou Paulo Portas.» Tudo isto, infelizmente é verdade. O problema é que é impossível ver demasiado Cavaco e logo com estas cores carregadas e, no mesmo passo, não conseguir ver suficiente Sócrates. Miguel Sousa Tavares consegue fazê-lo sem se rir, o que equivale ao maior número de contorcionismo intelectual de que há memória na História Nacional. Nesses jantares úteis, macios e preventivos que Sócrates quis ter com quem fazia crónicas e opina com suposto desassombro, e teve com MST, este deve ter tomado sem saber uma qualquer espécie de elixir que obnubila. Circe triunfou novamente.

Comments

floribundus said…
o filho do 'tareco' pertence,
tal como a bancada parlamentar do ps,
ao grupo excursionista 'lâmpadas fundidas'

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