UM PENTELHO CATROGANIANO ENTRE OS DENTES
Apoiei Eduardo Catroga aquando daquele arrastado e cínico processo negocial com Teixeira dos Santos. Interiormente, abraçava-o e confiava nele como num experiente senex patriota, apaixonado como eu por Portugal lá, onde outros se apaixonam pelo dinheiro fácil da posição de Poder e se apaixonam ainda mais pela própria aura postiça feroz em maratonas de fingimento e charla. Chorei as mesmas lágrimas de Catroga por ver o meu País devastado às mãos gatunas de quem o traiu grosseira e grotescamente por muitos anos: por isso subscrevi todas as palavras com que o Eduardo descreveu a monstruosidade irresponsável dos agentes da nossa desgraça. Não conheço o caso grego quanto aos contornos da traição dos seus políticos aos respectivos contribuintes e cidadãos, mas o caso português é muito fácil de tipificar e assusta na dimensão devorista dos socialistas socratesianos. Foram mil maneiras pelas quais nós, inescapáveis contribuintes, fomos trapaceados. Com a mais sacana das vilezas e sem que se imponha uma prestação de contas estilo Tribunal Marcial, fez-se o mais brutal assalto a um Estado Ocidental Europeu e supostamente democrático: o Estado Português. Não é preciso recuar décadas. Recuemos meses. Foram urdidos mil modos de saquear o Erário, empobrecendo-nos para garantir renda aos do costume, perpetrando descaradamente a ocultação desses roubos e a opacidade sigilosa dessa ruína: as SCUT, as PPP, o BPN nacionalizado e sornamente arrastado para servir de arma de arremesso a conta-gotas contra Cavaco, as Eólicas Subsidiadas pesadamente pelos utentes, as MiniHídricas, cujo contributo energético será ofensivamente ridículo e a destruição paisagística uma vergonhonha. Mas regressemos a Catroga: há, Eduardo, um novo pentelho monumental entre os teus dentes que é este: achares agora bem que a EDP, de que és chairman, [mas estamos a cagar para isso!], contra o acordado com a Troyka, obrigará mesmo o Estado Português a falhar na palavra dada. Como é? Usas fio dental ou fias-te na pasta?!
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