A TERNURA DA EXTINÇÃO
Não deixo de sentir uma enorme ternura pela decorrente manifestação contra a fusão de freguesias, neste sábado à tarde, em Lisboa. Basta olhar para mim, um bairrista feroz pelo menos vinte anos da minha vida aqui por Gaia, recanto onde nasci. Por Lisboa, porém, o que se vê é a festa do protesto: desfile de diversidade, com ranchos folclóricos, associações culturais, recreativas e desportivas. Talvez nada impeça a metamorfose toponímica contra a qual lutam esses bravos portugueses no seu festivo esbracejar de náufrago: há tanto século acumulado, tanta vida, nesses lugares, lugarejos, freguesias, deliciosos pardieiros espirituais do País que o topónimo parece um absoluto. Mas os jovens e os velhos que hoje provincianizam a Capital sabem que terá valido bem a pena fazer a festa do protesto.
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pretendem representar um Portugal que já morreu
parecia um museu dos horrores