VALUPI, BICHAROCO GRUNHO PASSIONAL
Não se pense que não dou razão a Valupi quando assevera que o seu insano Sócrates não é uma figura banal na sua idiossincrasia. Gastei parte das minhas energias de blogger civicamente comprometido com a res publica a escrever precisamente sobre esse fenómeno de megalogro, colossal manipulação, gigantesca pefídia, não porque Sócrates fosse um burlão banal, mas porque significou a mais gigantesca golpada de sempre no Estado Português. Paradoxalmente, e isto faz pensar, nem mesmo uma distorção e uma batota de proporções bíblicas no seio da Governação para nos levar a acordar cedo, a tempo de evitar a derrocada. Se alguma coisa aconteceu lentamente, uma espécie de onda de lucidez na Opinião Pública e uma reacção gradual à medida [PSP, BE, CDS-PP, PSD, cidadãos], foi à força de muito post indignado e muita análise de comportamentos e palavras reveladores. Mas o que é a todos os títulos admirável é o quão longe Valupi, robot insuflável de boca arreganhada ao serviço da Mentira, leva os seus argumentos delirantes. Também não se conhece em Portugal prostituição intelectual e moral levada tão ao extremo épico na reconstrução narrativa da magnificência minorca do seu amante. Escreve ele que «os seus [de Sócrates] declarados inimigos [...] não o largam sugerindo algo mais do que oportunismo táctico, dada a intensidade das paixões expressas: tudo indica estarmos perante uma resposta do foro traumático.» Tem razão. A capacidade de adoecer gente, o prazer insistente de violentar sensibilidades e agir à contra-mão das palavras mexe com gente, mexeu connosco. Nos últimos seis anos, o que se viu foi o socratismo nihilista, cujas ideias eram o que viesse à rede e cujo programa foi o que soasse melhor. A partir de 2005, o que se fez foi isto: hostilizar gratuita e esterilmente sectores e grupos profissionais e, nas costas de toda a gente, entretecer fortes vínculos de cumplicidade entre empresas amigas do Partido Socialista-Estado-PS, cumpliciar toda a espécie de negócios ruinosos cuja autópsia só agora se vai fazendo. A isto, que não passava de manobras de diversão, chamou-se «bom senso» e «reformismo» mas sem o consurso dos reformandos como o extermínio de judeus também não plebiscitou o seu consentimento. Diante disto, vêm estes merdas socratesianos ufanar-se de terem modernizado o País. Que modernização foi essa se passou por aviltar, dividir e espezinhar professores? Para Sócrates a questão não era resistir às pressões corporativas e oligárquicas, mas criar outras corporações e uma nova oligarquia absolutamente fiel e fechada em torno do seu mando pessoal. Até finais de 2007 os resultados foram unanimemente reconhecidos como enganadores do interesse nacional e era uma dor de alma assistir à transigência e debilidade do PSD que não soube pôr cobro a isto com a sucessão de líderes que desfilaram. O buzz mentiroso estava tão intrincado, constringia tão anacondamente que quaisquer vozes em oposição da Grande Patranha não penetravam o grosso da Opinião Envenenada Pública. Daí a derrota eleitoral em 2009 do PSD e a vitória de Pirro do PS. A malícia triunfava mais uma vez. Nem a crise, nem a verdade emergente acerca do mau carácter político e suspeitosa índole humana de José Sócrates que a TVI ousou evidenciar, bastavam para esclarecer o perigo em que Portugal fora colocado. Os casos BCP e BPN transformaram-se em armas de manipulação política nas mãos socratesianas para contrabalançar o que algumas escutas confirmavam: ampla rasura dos fundamentos de um Estado de Direito: um primeiro-ministro playboy capaz de conspirar contra a liberdade de informação e em permanente desrespeito desdenhoso pelas demais instituições do Estado, especialmente a Presidência da República. Valupi pode saltar e dançar, nunca acabará de dourar suficientemente a pílula do MegaFacínora que, no perigeu da SemiDemocracia portuguesa, abocanhou o Poder como coisa sua e se arvorou em semideus ensandecido daquela.
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