A COABITAÇÃO MAIS DRAMÁTICA E SUJA

«O prefácio de Cavaco Silva é um documento importante sobre os seus anos com José Sócrates. Reduzi-lo a um memorial, a um ajuste de contas, não faz jus ao que lá está escrito nem ao que dele podemos extrair para compreender o conflito entre o primeiro-ministro e o Presidente. É um texto mais político do que constitucional, mais pragmático do que teórico e mais prospectivo do que retrospectivo. Aprendemos algumas coisas com esta coabitação Sócrates-Cavaco, confirmámos outras, desde a fase plácida à fase aguda; aprendemos sobretudo que esta foi a coabitação mais dramática e suja, aquela em que a concorrência entre duas legitimidades políticas — e o Presidente é um actor político — degenerou para uma coexistência impossível que só poderia ter terminado como terminou. [...] Sócrates perdeu as eleições, evadiu-se para Paris e luta pela sobrevivência. Pode dizer-se que Cavaco ganhou, mas foi somando erros e é hoje o mais impopular dos presidentes. Talvez o país estivesse melhor se Cavaco tivesse actuado mais cedo, mas será que ele podia e será que o país queria?» Pedro Lomba, Público

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