DA SOLIDARIEDADE NEGRA SOCIALISTA

Não poderia estar mais sintónico com VGM no balanço à porcaria socratina, mas o passo seguinte será passar do nosso legítimo e indignado apostrofar esse maligno e doloso socratismo para a exigência de prisão aos que perpetraram a nossa catastrófica devastação. Com culpas crassas, mas sem castigo, anda o Charlatão Magno posto em sossego e os respectivos acólitos ao alto a lançar nuvens de fumo e a cantar de galo, arvorando-se em virgens desde o íntimo e secreto lupanar com que enriqueceram enquanto o País se estatelava: «A governação socialista conduziu o país à catástrofe. Durante o processo sinistro desse descalabro, fez orelhas moucas às advertências, às análises, aos alertas, aos sinais de alarme que chegavam de todos os lados e vaticinavam o que ia acontecer. Isto poderia ser um mero sintoma de estupidez ou de obstinação. Não foi. A mesma governação socialista insistiu reiteradamente em que as coisas estavam em melhoria crescente, o que era falso, como era do conhecimento pleno dos seus responsáveis. Por isso, a governação socialista pode ser caracterizada como uma enorme fraude política assente na manipulação desenfreada e intencional da opinião pública. Ora não me lembro de ver nenhum dos garnizés de serviço à propaganda e à concretização da governação socialista aparentar qualquer espécie de inquietação, apreensão ou simples prurido, quanto ao caminho que estava a ser seguido e quanto ao que de há muito se antevia que ia acontecer a Portugal, tão certo como dois e dois serem quatro. Foram solidários, sim, mas com a construção do plano inclinado e a exploração sem escrúpulos das vias para o desastre. Não se preocuparam com a ruína do país, nem com o cortejo de desgraças que a acompanhava. Essa atitude mental e comportamental prolongou-se com a passagem à oposição, que vem sendo feita da maneira mais insolitamente superficial e demagógica, insistindo em levar à conta do Governo actual o que mais não é do que o resultado da irresponsabilidade do Governo que o antecedeu. E com o picante de recorrer a pretextos de ataque político de que nem um atrasado mental lançaria mão. Tricas, questiúnculas verbais, arrazoados patéticos e inconsistentes - é isto e não passa disto a oposição socialista que temos, incapaz de fazer mea culpa e sem inteligência nem ideias para fazer coisa diferente. A governação socialista transformou Portugal numa porcaria e esse é o seu principal título de glória. A oposição actual morre de saudades. Essas criaturas, que nunca ousaram levantar um dedo para denunciar o que estava a acontecer e viveram muito bem nessas digestões do seu silêncio calculista, vêm agora com trejeitos de virgens ofendidas, eriçar-se contra o Presidente da República. A velhacaria envolve uma grotesca tentativa de branqueamento da governação mais desastrosa que atingiu Portugal e da incapacidade mais pantomineira de ser oposição nos tempos que correm. As mesmas criaturas que acusam agora o Presidente da República de falta de solidariedade institucional ou de prejudicar o necessário consenso dos portugueses para a saída da crise em que se encontram, nunca tiveram o mínimo problema de consciência com a perspectiva do desastre que se avolumava dia a dia. E pelos vistos preferem a hipocrisia à falta de melhores bandeiras. É claro que eu lamento profundamente que a Constituição não permita ao Presidente da República dar um pontapé no rabo de um Primeiro-Ministro que tenha perdido a sua confiança. Se não fosse assim, teríamos sido poupados a grande parte das desgraças que nos atingem. Não sendo, penso que o Presidente da República nos prestou um serviço patriótico, ao escrever a história das suas relações com o Governo socialista. De agora em diante, ninguém poderá alimentar dúvidas a tal respeito. É pena que haja no coro das vozes críticas alguns socialistas respeitáveis, certamente embalados por uma militância política já em grau de frustração desesperada, ou talvez atingidos por alguma perda de memória. Mas o certo é que Cavaco Silva não tem de ajustar contas com ninguém e não o fez. O simples enunciado da verdade histórica nunca é um ajuste de contas. De resto, não precisa de fazê-lo, para mais tomando criaturas menores como referência, como é o caso. Mas Cavaco Silva tem de prestar contas aos portugueses e era imperativo viesse contar o que se passou. A prova de que escolheu muito bem a ocasião está no esganiçamento desvairado da guincharia que se levantou. Portugal precisou sempre de ser confrontado com a verdade e hoje mais do que nunca. A propósito, ter-se-á reparado em que nenhum dos garnizés de serviço ousou impugnar qualquer dos factos referidos pelo Presidente? Porque será?» Vasco Graça Moura

Comments

Alda said…
Ouvi pela manhã, na Antena2, um apontamento jornalístico, que apreciei, sobre este artigo de VGM. Agradeço a oportunidade de o ler, na íntegra, graças ao seu blog. Gostei imenso da referência ao sr. Carlos Magno, o tal intelectual que não lia jornais portugueses e se deslocava a Espanha para comprar o El País, de cujos articulistas falava efusivamente ... até parecia que tomava café com eles! Pois é, está na ERCS, penso estar a dizer bem, e, sem culpa, nem castigo, a fazer exactamente o quê? Resquícios socráticos. Bom, um ordenado farto, ele tem certamente.

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