ESTUDOS DA PRAXE. POALHA DOS NÚMEROS

Eu sou professor contratado há quinze anos e ganho pior que mal. O salário mínimo minimiza-me e deixa-me seco, deixa-me cínico. Mal dá para comer e o que é mais grave, mal dá para dar de comer. Sinto-me indignificado quando visto a mesma roupa dias a fio e mal compro livros porque mal compro nada: tudo é despesa. Sou professor. Ao meu lado encontro de tudo. Muitos como eu. E outros rebentando com a escala e o escalão, falando das empregadas, e tão ufanos e contentes consigo mesmos quanto indiferentes à sorte, porque é de sorte má que se trata, dos peregrinos da precariedade perpétua, mesmo ao lado, a cheirar mal. Depois vêm os estudos da praxe com a poalha dos números e das médias que ignora gente, o quanto cada caso é único e as políticas de saque sacana com autoria inequívoca. 

Comments

Luis Moreira said…
Deviam descer menos a avenida e abrir mais as escolas.Abraço
Anonymous said…
15 anos? Já devia estar a ganhar coisa que se visse, azar ou incompetência?
joshua said…
Ingenuidade. Independência. Liberdade para me opor frontalmente aos seis anos de socratismo malicioso: foram seis anos sempre a perder, ó anónimo das 10:44.
Anonymous said…
Os Tugazinhos ressabiados do costume. Vá lá, não vieram com a conversa dos 3 meses de férias, do dia livre, das (apenas) 22 horas por semana...
Para os idiotas:

http://delitodeopiniao.blogs.sapo.pt/4194099.html

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